Padre diz que sermão gerou “ofensas morais muito fortes”
Bolsonaro processa padre que o chamou de homofóbico
O padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua na cidade de São Paulo, ligada à Igreja Católica, foi alvo de uma ação por danos morais, cujo pedido de indenização é de 50 mil reais, solicitada pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
A ação em questão diz respeito a um sermão feito pelo padre em uma igreja em São Paulo em março deste ano. Na ocasião, Júlio fez críticas com base em temas como machismo e homofobia, e acabou a citar Bolsonaro como um contraexemplo no tratamento a mulheres e LGBTs.
Júlio, na época, disse: “Em uma sociedade como a nossa, fico impressionado de aparecer nas pesquisas que uma pessoa homofóbica e violenta como Bolsonaro seja seguida por tanta gente no Brasil. Isso é vergonhoso”, afirmou.
“Alguém que propõe a violência, o assassinato e o extermínio dos gays, ou que o homem é mais importante do que a mulher e que ela tem que ser submissa… Isso é inaceitável no tempo em que vivemos”, acrescentou, em crítica.
O padre afirmou, em entrevista cedida ao
UOL nesta quarta-feira (15), que recebeu uma notificação da Justiça do Rio de Janeiro há um mês sobre a ação movida por Bolsonaro. Além da indenização, Jair quer que o Júlio se retrate das afirmações.
“Não me surpreendeu essa ação do deputado, porque, à época, ele teria dito que faria isso.
O padre afirma que depois que o sermão se tornou popular nas mídias sociais, recebeu muitos comentários “com ofensas morais muito fortes”. “Teve gente que chegou a levar cartazes à missa dizendo que o deputado não era nada daquilo que eu falei”.
O advogado responsável pela ação de Bolsonaro, Vítor Granado Alves, comentou o caso. “Ele quer apenas reparar o dano que sofreu, mas só se manifestará nos autos do processo, que é público, para não dar margem a interpretações equivocadas”.